Um objeto de entretenimento, muitas vezes,
também revela características de outras sistemas
que organizam a sociedade.
Na verdade, nos
outros sistemas também pode ocorrer o mesmo
(por exemplo, num jornal, há anúncios
publicitários).
Mas o curioso do sistema do
entretenimento é que ele se apropria de elementos
de outros sistemas, absorvendo-os e
transformando-os.
No jornal escrito há o setor de classificados.
Mas
as notícias de jornal não têm uma relação direta
com os produtos que estão sendo vendidos nos
classificados.
Pegue uma revista e um jornal.
Procure uma página com o anúncio de algum
produto.
Veja se há uma relação direta entre as
notícias e os produtos anunciados.
Agora, pense em uma cena de telenovela em que
um produto esteja sendo anunciado.
Repare o que
as personagens estão fazendo, o que elas estão
falando, o local em que se passa a cena e veja se
tudo isso está ou não diretamente relacionado
com o produto oferecido.
Essa atitude de absorção e transformação do
sistema de entretenimento é ainda mais forte no
que diz respeito à arte.
Muitas telenovelas, muitas
minisséries, muitas músicas populares, muitos
filmes de ação ou diversão são adaptados de obras
artísticas.
Muitas vezes, esse procedimento é até
anunciado.
Se você puder, preste atenção na abertura de
algumas novelas ou minisséries.
Veja se há
alguma referência a outras obras, algumas frases
como “baseado no texto de ...”, ou “adaptação
livre da obra de...”. Isso significa que o que se
verá foi adaptado de uma outra obra,
normalmente artística.
No entanto, objetos de entretenimento, muitas
vezes, absorvem e transformam objetos artísticos
sem deixar esse procedimento claro.
Há algum
mal nisso? OS desafios para a elaboração de um bom tcc passam, é claro, pela busca de um bom orientador que instigue o estudante a de desenvolver adequadamente.
Falando sobre o sistema artístico, dissemos que,
em geral, ele causa estranhamento no espectador,
justamente porque não é um objeto construído
para distrair as pessoas, mas para levá-las a
alguma reflexão, para avançar nos domínios das
técnicas daquela arte e construir uma nova
concepção de beleza, entre outras possibilidades.
Quando, porém, tomamos consciência de que os
objetos artísticos muitas vezes são utilizados
como fonte para os objetos de entretenimento, começamos a perceber que existe uma enorme
função social para a arte, mesmo que não
consigamos vê-la de imediato.
Quando um objeto de entretenimento se baseia em
um objeto artístico, mas não se preocupa em
deixar clara a referência, de alguma forma não
nos desperta a curiosidade pelo original,
mostrando como se fossem novas idéias já
consagradas por outras obras.
Isso quer dizer que os objetos de entretenimento
não têm o seu próprio lugar?
Lugar é o que entretenimento mais tem no mundo
moderno.
Com o ritmo acelerado do dia-a-dia,
todos necessitam de momentos de lazer, seja para
o corpo ou a mente. Mas, como as ofertas para o
divertimento são muitas (neste momento, você
poderia ver vários programas diferentes na
televisão), a concorrência entre os produtores é
grande.
Na busca desenfreada pela novidade, os objetos de
entretenimento, por vezes, se tornam apelativos,
exagerando nos temas sensacionalistas,
estimulando preconceitos, humilhando pessoas
etc.
Mas, muitas vezes também, com clareza,
simplicidade e emoção, programas de auditório,
transmissões esportivas, novelas de televisão
conseguem um feito notável: levar uma diversão
simples e imediata a milhares de pessoas ao
mesmo tempo.
Como construir a redação do Enem
Um grande erudito já afirmava: organização é o segredo para atingir o sucesso. Brincadeira, inventei essa frase agora, mas ela não deixa de ser correta.
Assim, se você quer arrasar na produção de texto, uma das primeiras coisas que deve aprender é a organizar e estruturar o seu texto. Não é complicado.
Primeiro, vamos entender como a dissertação funciona. Ela é dividida em três partes: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
Introdução é a parte do texto em que se coloca a ideia-chave, o assunto da dissertação. A partir da ideia principal é que se desenvolve o resto do texto, onde você pode justificar e apresentar fatos que comprovem sua tese. Missão Enem - Redação do Enem
Os parágrafos do meio são os que vão fundamentar a tese apontada na introdução. É esse o momento de justificar, demonstrar, provar as declarações feitas no início.
Os parágrafos de desenvolvimento devem ser marcados pela progressão, ou seja, o texto dissertativo deve ser construído de forma que vá apresentando novos dados, claras e pertinentes.
Ou seja, nada de enrolação ou de repetição desnecessária do que já foi dito!
Para facilitar sua argumentação, você pode separar o desenvolvimento de cada ideia em um parágrafo diferente.
Além disso, você precisa construir uma boa conclusão.
Desenvolvimento Além de apresentar fatos que fundamentem a sua dissertação, é importante que você também aponte argumentos contrários e que aponte porque, de acordo com a sua tese, eles não são verdadeiros. Afinal, dissertação não é um artigo de opinião, o que significa que as opiniões contrárias também devem ser consideradas.
Conclusão Parte final do publicação. Mas é preciso que uma coisa fique clara: cerrar não é simplesmente “terminar” o texto.
A conclusão é feita de críticas que confirmam os aspectos dissertados nos parágrafos anteriores. É o momento de oferecer uma solução ou demonstrar algum tipo de expectativa em relação à sua tese e ao assunto como um todo.
Atenção: a conclusão não é o momento de levantar questionamentos que não tenham sido esclarecidos nos parágrafos argumentativos, portanto EVITE frases interrogativas.
Com essas instruções na cabeça, o segredo do planejamento da redação é já saber exatamente o que vai apresentar em cada parágrafo antes mesmo de iniciar o texto.
Além disso, compreender quantas linhas você vai ter para desenvolver cada argumento é absolutamente vital para você saber de quanto espaço dispõe para expor cada ideia. Preparamos um esquema básico ideal para uma redação dissertativa perfeita de 30 linhas.
Veja: Mas calma! Só porque colocamos aqui que é um esquema ideal, não significa que você precise seguir à risca as quantidades de linhas. Essa orientação é apenas para auxiliar quem estiver desorientado e não souber bem quanto espaço utilizar para cada parte do texto.
Assim, se você quer arrasar na produção de texto, uma das primeiras coisas que deve aprender é a organizar e estruturar o seu texto. Não é complicado.
Como fazer a redação do Enem Passo a Passo
Primeiro, vamos entender como a dissertação funciona. Ela é dividida em três partes: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
Missão Enem É Bom E Funciona |
Introdução é a parte do texto em que se coloca a ideia-chave, o assunto da dissertação. A partir da ideia principal é que se desenvolve o resto do texto, onde você pode justificar e apresentar fatos que comprovem sua tese. Missão Enem - Redação do Enem
Os parágrafos do meio são os que vão fundamentar a tese apontada na introdução. É esse o momento de justificar, demonstrar, provar as declarações feitas no início.
Os parágrafos de desenvolvimento devem ser marcados pela progressão, ou seja, o texto dissertativo deve ser construído de forma que vá apresentando novos dados, claras e pertinentes.
Ou seja, nada de enrolação ou de repetição desnecessária do que já foi dito!
Para facilitar sua argumentação, você pode separar o desenvolvimento de cada ideia em um parágrafo diferente.
Além disso, você precisa construir uma boa conclusão.
Desenvolvimento Além de apresentar fatos que fundamentem a sua dissertação, é importante que você também aponte argumentos contrários e que aponte porque, de acordo com a sua tese, eles não são verdadeiros. Afinal, dissertação não é um artigo de opinião, o que significa que as opiniões contrárias também devem ser consideradas.
Conclusão Parte final do publicação. Mas é preciso que uma coisa fique clara: cerrar não é simplesmente “terminar” o texto.
Como fazer a conclusão da redação do Enem |
A conclusão é feita de críticas que confirmam os aspectos dissertados nos parágrafos anteriores. É o momento de oferecer uma solução ou demonstrar algum tipo de expectativa em relação à sua tese e ao assunto como um todo.
Dicas para fazer a redação do Enem
Atenção: a conclusão não é o momento de levantar questionamentos que não tenham sido esclarecidos nos parágrafos argumentativos, portanto EVITE frases interrogativas.
Com essas instruções na cabeça, o segredo do planejamento da redação é já saber exatamente o que vai apresentar em cada parágrafo antes mesmo de iniciar o texto.
Além disso, compreender quantas linhas você vai ter para desenvolver cada argumento é absolutamente vital para você saber de quanto espaço dispõe para expor cada ideia. Preparamos um esquema básico ideal para uma redação dissertativa perfeita de 30 linhas.
Veja: Mas calma! Só porque colocamos aqui que é um esquema ideal, não significa que você precise seguir à risca as quantidades de linhas. Essa orientação é apenas para auxiliar quem estiver desorientado e não souber bem quanto espaço utilizar para cada parte do texto.
Características do parágrafo-padrão dissertativo
Associando ambas as definições, podemos perceber as características essenciais do tipo mais comum de parágrafo, o parágrafo-padrão utilizado no texto dissertativo, já que seu núcleo é uma idéia, um ponto de vista, uma declaração. (E não um quadro, que constitui o núcleo do parágrafo descritivo, ou um episódio, por sua vez o núcleo do parágrafo narrativo.)
Características do parágrafo-padrão dissertativo
• possui uma idéia-núcleo + idéias secundárias;
• é ao mesmo tempo amplo (pois comporta um processo completo de raciocínio) e curto (pois permite a análise dos componentes desse processo).
Por meio do exemplo dado, vejamos como se organiza o parágrafo-padrão dissertativo:
• introdução: apresentação do tópico frasal
Trata-se da colocação sucinta de uma idéia-núcleo, que pode ser uma opinião pessoal, um juízo ou uma declaração, de qualquer tipo.
Exemplo: O texto argumentativo pressupõe uma concepção da linguagem enquanto uma relação dialógica...
• desenvolvimento: justificação, fundamentação da idéia núcleo
Exemplo: ... uma vez que quem argumenta, o faz com vista a convencer um interlocutor. Isto significa poder movimentar-se dentro do texto segundo diferentes perspectivas, ter em mente uma representação do interlocutor e relacionar-se com ela, antecipando possíveis objeções, esclarecendo pontos de vista, defendendo argumentos, apresentando idéias contrárias e refutando-as.
• conclusão (aparece mais raramente): reafirmação da idéia-núcleo
Desta forma, a argumentação se realiza num espaço entre o estabelecimento de um sujeito e a representação de um interlocutor.
Conclusão importante
Feita a divisão do parágrafo - idéia-núcleo + idéias secundárias (introdução / desenvolvimento / conclusão) - passemos à análise de seus componentes:
• a introdução apresenta uma declaração, que se refere à concepção de linguagem pressuposta no texto argumentativo (a linguagem enquanto relação dialógica);
• o desenvolvimento fundamenta racionalmente a declaração, por meio de dois argumentos lógicos:
enquanto o primeiro argumento apresentado é o de causa, quer dizer, é aquele que explica o motivo que justifica a declaração - (... uma vez que (porque) quem argumenta, o faz com vista a convencer um interlocutor); o segundo dá seus desdobramentos, suas decorrências: (Então; portanto) Isto significa poder movimentar-se dentro do texto segundo diferentes perspectivas, ter em mente uma representação do interlocutor e relacionar-se com ela, antecipando possíveis objeções, esclarecendo pontos de vista, defendendo argumentos, apresentando idéias contrárias e refutando-as.
• a conclusão reafirma a declaração, acrescentando-lhe novos, elementos: Desta forma (sendo assim), a argumentação se realiza num espaço entre o estabelecimento de um sujeito e a representação de um interlocutor.
Assim, podemos concluir que a essência do parágrafo dissertativo, e por extensão da dissertação como um todo, está na capacidade de relacionar ponto de vista & argumentação.
Definição: o que é dissertar
Dissertar é discutir assuntos, debater idéias, tecer opiniões, delimitando um tema dentro de uma questão ampla e defendendo um ponto de vista, por meio de argumentos convincentes.
Portanto, no texto dissertativo - um tipo de texto lógico-expositivo - colocamo-nos criticamente perante alguma dimensão da realidade e, mais do que isso, fundamentamos nossas idéias;
explicitamos os motivos pelos quais pensamos o que pensamos.
Assim, quando escrevemos dissertativamente estamos exercitando a nossa capacidade crítica, a lucidez questionadora de nós mesmos e do mundo, a aventura de defender opiniões próprias, num contexto reflexivo - de discussão e de debate.
Trata-se, também, de uma experiência de comunicação: é necessário estruturar o texto dissertativo com organização lógica de idéias e com linguagem clara e adequada, para que ele possa persuadir o leitor.
Leitura Comentada: Um parágrafo dissertativo
O texto argumentativo pressupõe uma concepção da linguagem enquanto uma relação dialógica, uma vez que quem argumenta, o faz com vista a convencer um interlocutor. Isto significa poder movimentar-se dentro do texto segundo diferentes perspectivas, ter em mente uma representação do interlocutor e relacionar-se com ela, antecipando possíveis objeções, esclarecendo pontos de vista, defendendo argumentos, apresentando idéias contrárias e refutando-as. Desta forma, a argumentação se realiza num espaço entre o estabelecimento de um sujeito e a representação de um interlocutor.
(J.A. Durigan, M.B. Abaurre, Y. Frateschi Vieira (org.) - A magia da mudança - Vestibular Unicamp: Língua e literatura - Campinas, Editora da Unicamp, 1987)
Comentários
O Parágrafo dissertativo: ponto de vista e argumentação
O texto lido é um exemplo típico de parágrafo dissertativo. Para compreender as razões de tal afirmação, considere as seguintes definições:
"O parágrafo é uma unidade ded composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve alguma idéia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela".
(Othon M. Garcia - Comunicação em Prosa Moderna - Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1996)
"O parágrafo é uma unidade de composição suficientemente ampla para conter um processo completo de raciocínio e suficientemente curta para nos permitir a análise dos componentes desse processo, na medida em que contribuem para a tarefa da comunicação".
(Francis X. Trainor e Brian K. McLaughlin - citados por Otho M. Garcia - Comunicação em Prosa Moderna - Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1996)
Portanto, no texto dissertativo - um tipo de texto lógico-expositivo - colocamo-nos criticamente perante alguma dimensão da realidade e, mais do que isso, fundamentamos nossas idéias;
explicitamos os motivos pelos quais pensamos o que pensamos.
Assim, quando escrevemos dissertativamente estamos exercitando a nossa capacidade crítica, a lucidez questionadora de nós mesmos e do mundo, a aventura de defender opiniões próprias, num contexto reflexivo - de discussão e de debate.
Trata-se, também, de uma experiência de comunicação: é necessário estruturar o texto dissertativo com organização lógica de idéias e com linguagem clara e adequada, para que ele possa persuadir o leitor.
Leitura Comentada: Um parágrafo dissertativo
O texto argumentativo pressupõe uma concepção da linguagem enquanto uma relação dialógica, uma vez que quem argumenta, o faz com vista a convencer um interlocutor. Isto significa poder movimentar-se dentro do texto segundo diferentes perspectivas, ter em mente uma representação do interlocutor e relacionar-se com ela, antecipando possíveis objeções, esclarecendo pontos de vista, defendendo argumentos, apresentando idéias contrárias e refutando-as. Desta forma, a argumentação se realiza num espaço entre o estabelecimento de um sujeito e a representação de um interlocutor.
(J.A. Durigan, M.B. Abaurre, Y. Frateschi Vieira (org.) - A magia da mudança - Vestibular Unicamp: Língua e literatura - Campinas, Editora da Unicamp, 1987)
Comentários
O Parágrafo dissertativo: ponto de vista e argumentação
O texto lido é um exemplo típico de parágrafo dissertativo. Para compreender as razões de tal afirmação, considere as seguintes definições:
"O parágrafo é uma unidade ded composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve alguma idéia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela".
(Othon M. Garcia - Comunicação em Prosa Moderna - Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1996)
"O parágrafo é uma unidade de composição suficientemente ampla para conter um processo completo de raciocínio e suficientemente curta para nos permitir a análise dos componentes desse processo, na medida em que contribuem para a tarefa da comunicação".
(Francis X. Trainor e Brian K. McLaughlin - citados por Otho M. Garcia - Comunicação em Prosa Moderna - Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1996)
Exemplo de redação bem articulada
Exemplo de redação
(sem título)
CITAÇÕES BEM ARTICULADAS: o destaque dessa redação está na articulação entre um dos pensamentos sugeridos pela proposta - o de Montaigne - e outras duas citações originais: um pensamento do filósofo alemão Nietzsche (1844-1900) e uma passagem do romance Iracema, de José de Alencar - obra, aliás, solicitada pela lista obrigatória de leituras para o exame de 2007 da Fuvest.
Texto ousado desde o princípio, já no primeiro parágrafo o autor problematiza o tema da prova valendo-se do pensamento de Nietzsche. Ele propõe um debate mais denso sobre a amizade, ao agregar subtemas como cumplicidade, felicidade e crescimento individual. Tais subtemas servem de contraponto à solidão e à competição entre as pessoas abordadas no segundo parágrafo. Trata-se de uma estratégia convincente. De um lado, a amizade como virtude a ser alcançada; de outro, o individualismo gerado por uma sociedade na qual se deve lutar por espaços de sobrevivência.
BOAS ASSOCIAÇÕES: Montaigne surge no terceiro parágrafo, citado diretamente - "intimidade sem reservas" - e confirmado de modo original por uma passagem de Iracema, em que se afirmam virtudes de um dos protagonistas, como lealdade e cumplicidade, quando esse protagonista decide abandonar a bem-amada para lutar ao lado de um amigo. Eis uma lição preciosa: não é necessário conhecer profundamente as obras literárias para bem aproveitá-las em uma redação. É preciso, isso sim, desenvolver boas associações.
De modo direto e objetivo, o desfecho retoma a ideia do pensador alemão citado no início e, embora proponha uma "receita de felicidade" em uma linguagem rebuscada, que abusa dos clichés, o faz de modo coerente com o caminho proposto pelo próprio texto.
(sem título)
Segundo o filósofo Nietszche, os inimigos têm grande importância na vida do homem, à medida que um indivíduo só se desenvolve a partir do embate com quem tem opiniões e condutas diferentes das suas. No entanto, é sabido também que o companheirismo, a cumplicidade e o apoio de um bom amigo são fundamentais para garantir a felicidade e o crescimento de cada um.
Isso porque no mundo, historicamente, tem prevalecido a solitária noção de competição entre as pessoas. Já na pré-história competia-se por comida e por espaço e, hoje, irmãos brigam pela atenção dos pais, alunos competem pela melhor vaga em uma universidade e profissionais lutam entre si por um emprego. Dessa forma, torna-se imprescindível que se tenha alguém de confiança para dar conforto e com quem se possa contar. Afinal, um amigo para dividir alegrias, compartilhar das aflições e trocar conselhos e confidências faz o homem sentir-se menos sozinho e lhe dá força em sua caminhada, num contexto social em que as disputas entre os indivíduos ficam cada vez mais acirradas.
É claro que, como bem afirmou o pensador do século XVI, Montaigne, não é nada fácil conquistar-se uma relação de "intimidade sem reservas". Todavia, desde que se encontre a amizade verdadeira, pode-se descobrir um sentimento, ás vezes, superior até ao mais sublime amor de um homem por uma mulher. Justamente como foi ilustrado numa passagem do romance romântico "Iracema" de José de Alencar, em que Martim abandona sua amada índia tabajara por longo tempo para lutar ao lado de seu amigo, guerreiro da tribo dos Potiguaras, a quem devia a lealdade e a cumplicidade de um irmão.
A amizade é, pois, essencial na construção da personalidade e da felicidade de qualquer pessoa. Porque, se um inimigo pode lhe desafiar a melhorar através do confronto de ideias divergentes, um amigo de verdade preenche o vazio das relações interpessoais competitivas e dá a sustentação de um pilar de aço e o conforto de uma pluma na subida do homem ao ápice da pirâmide de suas vidas.
Análise da redação
CITAÇÕES BEM ARTICULADAS: o destaque dessa redação está na articulação entre um dos pensamentos sugeridos pela proposta - o de Montaigne - e outras duas citações originais: um pensamento do filósofo alemão Nietzsche (1844-1900) e uma passagem do romance Iracema, de José de Alencar - obra, aliás, solicitada pela lista obrigatória de leituras para o exame de 2007 da Fuvest.
Texto ousado desde o princípio, já no primeiro parágrafo o autor problematiza o tema da prova valendo-se do pensamento de Nietzsche. Ele propõe um debate mais denso sobre a amizade, ao agregar subtemas como cumplicidade, felicidade e crescimento individual. Tais subtemas servem de contraponto à solidão e à competição entre as pessoas abordadas no segundo parágrafo. Trata-se de uma estratégia convincente. De um lado, a amizade como virtude a ser alcançada; de outro, o individualismo gerado por uma sociedade na qual se deve lutar por espaços de sobrevivência.
BOAS ASSOCIAÇÕES: Montaigne surge no terceiro parágrafo, citado diretamente - "intimidade sem reservas" - e confirmado de modo original por uma passagem de Iracema, em que se afirmam virtudes de um dos protagonistas, como lealdade e cumplicidade, quando esse protagonista decide abandonar a bem-amada para lutar ao lado de um amigo. Eis uma lição preciosa: não é necessário conhecer profundamente as obras literárias para bem aproveitá-las em uma redação. É preciso, isso sim, desenvolver boas associações.
De modo direto e objetivo, o desfecho retoma a ideia do pensador alemão citado no início e, embora proponha uma "receita de felicidade" em uma linguagem rebuscada, que abusa dos clichés, o faz de modo coerente com o caminho proposto pelo próprio texto.
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